terça-feira, 1 de novembro de 2011

Não sou mesmo



Sempre gostei de escrever, sabe? Assim, desde criança. Quando acontecia algo surpreendente, no sentido de coisas ruins, porque surpresas na minha vida nunca foram notícias boas, eu sempre ficava com algo pulsando sabe? Aquilo pegando fogo dentro da garganta, descendo pra laringe, aquela agonia, inquietude, e aprendi, moleca ainda, que escrever aliviava isso. Por mais forte a dor, o rancor, a raiva. Escrevia, e passava.
E mesmo em todas as aulas de redações na minha vida pregressa tirando as piores notas possíveis, eu continuava gostando daquilo. Mas pra mim. Não pra professor ou outro alheio ler e falar que é merda. Qualquer letra que eu escrevo tem esforço sabe? Foi pro ''a'' ficar mais bonito, mas foi. Então ou ache ele bonito, ou fique na sua. Era meio assim.
E foi crescendo, eu comecei a escrever sobre tudo. Cenas engraçadas, histórias hilárias, mas era quando a angústia batia que eu me recorria sem pensar duas vezes. Era uma sequência de palavras tão sem coerência, que até entendo o professor falando mal imagino a minha dor. Era despejo mesmo, jogar pra fora. Se livrar daquilo tudo. Até achava melhor, se eventualmente alguém fosse ler, não entenderia nada. Meu segredo estava mantido, e meu coração calmo.
Não sei ao certo dizer o aprimoramento de tudo, nem sei dizer se isso é algum aprimoramento, mas eu consigo dizer que não tenho amor não. Tenho escapatória, saída, mas paixão fervurante, nunca tive. É algo que se adaptou na minha vida com força maior, mas eu não sou apaixonada por meus textos... nem gosto deles. Sempre me encontro mais nas palavras alheias. Os outros me entendem mais do que eu.
Mas o fato disso tudo ainda existir é que continuamente eu terei surpresas, mais desagradáveis, como de costume. E eu preciso arrancar aquela erupção pra poder continuar leve e serena. E essa exposição veio porque me acostumei a críticas, a frases depreciativas, ou a sinceridades. Estou aberta a bem, ou a mal. Estou para levar tapa, facada e até tiro. Sem problemas. Pode mandar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

se deram ao trabalho de ler