quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Re-lida

"Servi mais vinho. Não conseguia entender o que tinha acontecido em minha vida. Tinha perdido a elegância. Tinha perdido a mundanidade. Tinha perdido a concha protetora. Tinha perdido o senso de humor diante dos problemas alheios. Queria tudo de volta. Queria que as coisas corressem mansas pra mim. De algum jeito, eu sabia que isso não ia mais acontecer, pelo menos não tão logo. Eu estava fadado a me sentir culpado e desprotegido.
Tentei me convencer de que a culpa não passava de uma doença. Que são os homens sem culpa que progridem na vida. Homens capazes de mentir, trapacear, homens que conhecem todos os atalhos."


Me entendendo desde sempre.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Changing


Acho que finalmente descobri o que tenho. "Síndrome dos Vinte e poucos". Ao que deu a entender, é aquele processo de maturidade que a pessoa sofre nem que não queira. Onde você, finalmente, percebe que não é mais criança e precisa trabalhar pra pagar a cerveja do fim de semana. Que precisa conseguir um emprego para trabalhar. E que precisa estudar pra poder conseguir um emprego. E que precisa de tempo e vontade pra estudar.... E por ai vai.
É aquele singelo momento na qual você descobre que agora é só na vida. Ou é você fazendo por você, ou ninguém mais fará. Seu pai já fez tudo que podia: pagou seu estudo e te deu um caminho. Agora é contigo, camarada. Boa Sorte!
E se não for? E se não der? Por isso é a pior fase que uma pessoa pode passar. É o que define o seu sucesso ou fracasso. Você precisa começar bem, ou mais na frente não vai dá. Amedrontador. Eu estudei o suficiente? Eu sei, pelo menos, o básico? Porque diabos uma pessoa me contrataria?
No meu caso, é um pouco mais assustador. Tem a oab, os concursos inumeráveis.... então, aquela velha pressão saindo de todos os lados. "É bom você passar". Sem falar na concorrência. Tem gente que faz direito, apenas pra ser concurseiro.
Eu não, entrei pro gosto da coisa mesmo. Quero ser advogada, passar fome três anos até poder me sustentar. Mas que família quer isso? "Nossa, filha de fulano é delegada." Há quase cinco anos no curso, e ninguém nunca me perguntou o que realmente eu queria fazer. O que eu gosto de fazer. O concurso é bom e trás renome, então faz e passa. Como se trabalhar com bandido e policial bruto fosse tudo o que eu já quis na minha vida.
Ainda tem que lidar com suas próprias pressões, sabe? O que eu mesma espero pra mim aos 27 anos? Aos 30? Já pensou chegar lá e não esta nem na metade do planejado?! Mas beleza. Até lá tenho todas as crises existencialistas possíveis, choros sem necessidade e mais o que eu tiver direito nessa transição de idades.

sábado, 26 de janeiro de 2013

"Sou"

- Sempre sou. Sempre sua. -
Não te sinto mais. Talvez, porque também não me sinto mais a algum tempo. Ando solta, confusa, atordoada. Não me sinto Lituania. Me sinto outra coisa, outra pessoa. Será capaz trocar de alma ainda vivo? Ou será que ela só foi tomar um fôlego e já volta?
Não sei, mas me perder, fez eu perder teus sorrisos, tuas pertubações, teus passos. Ah, como sinto saudade daquele tempo, daquele momento em que eu parecia ser mesmo a tua felicidade, o teu tesão, a tua safadeza. Quem dera voltar ao tempo e me repetir várias vezes nos momentos alegres que tivemos.
Sempre me lembro de algo que você me falou nas nossas inúmeras brigas recentes. Quando você, me vendo chorar dos seus vacilos, me perguntou ''Você é pelo menos feliz comigo?". E eu, na minha memória recente de discussões, falei ''as vezes''. E quando te perguntei de volta, você, sem nem ao menos relutar, respondeu ''É claro que eu sou''. Não sei como alguém é feliz comigo. Eu não sou feliz comigo, como alguém poderia ser?
E desde, então, não esqueço, nem um segundo dessa frase. Da sua certeza. Queria ter essa confiança de volta alguma dia. Em um momento que eu não ache que sou um fracasso inevitável e só trago mal aos outros. Quando, talvez, eu parar de falar tanta coisa desnecessária e me calar mais. Em um dia que eu consiga ler seu olhar, em vez de te fazer tantas perguntas para entendê-lo.